O Centro Cultural Banco do
Nordeste-Fortaleza realiza dois espetáculos cênicos gratuitos neste fim de
semana (de sexta-feira a domingo, do dia 31 de maio a 02 de junho), no centro
da cidade.
O primeiro espetáculo acontecerá
no Theatro José de Alencar (TJA) [rua Liberato Barroso, 525 – Praça José de
Alencar – Centro – fones: (85) 8940.1773 / 3101.2583 / 3101.2566 / 3101.2567 /
3101.2596 / 3101.2603 – e-mail: tja@secult.ce.gov.br], nesta sexta-feira (dia
31 de maio), às 19h30, e no sábado (dia 1º de junho), com apresentação de duas
sessões, às 18 horas e às 20 horas.
É a peça teatral Retrato do
Artista Quando Coisa, encenada pela Bololô Companhia Cênica, do Estado vizinho
do Rio Grande do Norte, dirigida pela Companhia Luna Lunera de Teatro, de Belo
Horizonte, capital do Estado brasileiro da região Sudeste, Minas Gerais. O
espetáculo foi contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2011 e
realizou temporada de estreia em 2012 e 2013.
O espetáculo é livremente
inspirado no livro homônimo do poeta, fazendeiro e advogado Manoel Wenceslau
Leite de Barros, nascido em 19 de dezembro de 1916 (tem 97 anos de idade), no
Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em Cuiabá, capital do Estado brasileiro do
Mato Grosso (MT), hoje radicado em Campo Grande (MT).
Retrato do Artista Quando Coisa
é, antes de tudo, um convite à brincadeira, ao encantamento, à desconstrução
das palavras acostumadas à linguagem dos pássaros e das pedras, ao deslimite.
Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: 18 anos.
O Tempo como protagonista
O segundo espetáculo acontecerá
no Teatro SESC Emiliano Queiroz (av. Duque de Caxias – em frente ao Dnocs –
Centro – fones: (85) 3452.9066 / 3464.9347), nesta sexta-feira (31 de maio), sábado
(dia 1º de junho) e domingo (dia 02 de junho), sempre às 20 horas.
A peça Bodoncogó será encenada
pela Companhia Teatro Epigenia, do Rio de Janeiro, com texto do contista, poeta
e subeditor de Cultura do jornal Correio da Paraíba [da capital João Pessoa
(PB)], Astier Basílio, natural de Campina Grande (PB), e direção de Gustavo
Paso. Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: 14 anos.
O projeto de encenação do conto
de autoria de Astier Basílio conta a história de Bodocongó, uma cidadezinha perdida
no mapa, onde mora um visionário, meio poeta, meio cineasta, que filma o tempo
durante um período de 40 anos. O tempo é o seu protagonista.
As relações estabelecidas pelos
personagens refletem as contradições dos relacionamentos humanos, estabelecendo
um convite à introspecção e ao desnude da psiquê.
Quando as formigas são
perseguidas
É preciso transver o mundo, disse
Manoel de Barros. O espetáculo Retrato
do Artista Quando Coisa é o resultado de uma série de transvisões e
transversões, é o fruto do olhar modificado dos atores pela poesia cheia de
deslimites de Manoel, é invenção do olhar que vê de azul.
Os atores, assim, com o olhar
azulado, cheios de pássaros e atentos mesmo para as coisinhas mais ínfimas,
convidam o público a transver: as cenas, os objetos, a eles, a si mesmos,
enfim, as coisas. Pois tudo vira coisa, tudo fica passível de transformação, de
ser visto de azul, de ser revisto e transvisto.
Numa narrativa não-linear, o
espetáculo tem predileção por transver as coisas abandonadas, tem um olhar para
baixo – como o que Manoel de Barros confessou ter. Os objetos que compõem o
cenário são trastes que foram encontrados no meio da rua, ou inutilidades
trazidas a titulo de descarte pelos próprios atores ou por amigos.
Os atores se abandonam às coisas,
para fabricar brinquedos com palavras, para delas extrair poesia. Assim, no
meio de tantas inutilidades, poesias são desvendadas, formigas são perseguidas,
retratos são revelados.
As vozes dos atores se confundem
com a voz de Manoel, que ressoa pelo quintal, convidando singelamente a
transver o mundo. O espetáculo é, antes de tudo e sem maiores pretensões, um
convite. Um convite à brincadeira, ao encantamento, à desconstrução das
palavras acostumadas, à linguagem dos pássaros e das pedras, ao deslimite.
Prêmio Funarte de Teatro e
Programa de Cultura BNB/BNDES
A Bololô Companhia Cênica foi
fundada em 2009 e é formada pelos atores Alex Cordeiro, Arlindo Bezerra, Luana
Menezes, Paulinha Medeiros e Rodrigo Silbat.
A Companhia é fruto do desejo, do
sonho e da determinação de experimentar as artes cênicas do modo mais fiel,
mais livre, mais integral e mais verdadeiro possível.
Hoje a Bololô continua com o
mesmo desejo, sonho e determinação de uns anos inocentes atrás, mas agora cada
vez mais enriquecida pela convivência e pelos aprendizados de uns anos (já não
tão inocentes) de experiência artística profissional.
Tendo como cerne da pesquisa e
das criações do grupo as questões relevantes ao intérprete-criador, isto é, de
como pode o ator ser propositor da cena, a Bololô deu início ao seu percurso
artístico com o processo de criação do seu primeiro espetáculo.
Era “Todo Avental”, uma adaptação
do texto “Avental Todo Sujo de Ovo”, do premiado dramaturgo cearense Marcos
Barbosa. Estreou o espetáculo “Todo
Avental” em 2011, dirigido pelo encenador Alex Cordeiro e patrocinado pelo
Programa de Cultura BNB/BNDES – Edição 2010.
Em 2012, a Bololô foi
convidada para participar do Projeto Jovens Escribas em Cena, do Grupo de
Teatro Clowns de Shakespeare em parceria com o coletivo de escritores Jovens
Escribas.
Nasceu, a partir deste projeto, o
experimento “Na Mesa com o Bobo”, uma adaptação do texto “Yorrick”, do escritor
Márcio Benjamim. “Na Mesa com o Bobo” permanece enquanto um experimento cênico
performático no repertório da Companhia.
Também em 2012, a Companhia teve o
projeto “Retrato do Artista Quando Coisa” viabilizado pelo Prêmio Funarte de
Teatro Myriam Muniz – 2011.
O projeto consistia na montagem
do espetáculo de mesmo nome, inspirado pela obra poética de Manoel de Barros, e
dirigido pela Companhia Luna Lunera de Teatro, de Belo Horizonte (MG). O Prêmio
Myriam Muniz possibilitou o encontro das companhias e viabilizou a produção do
espetáculo, que estreou em dezembro de 2012.
A Bololô acredita na riqueza e na
importância da pesquisa e da investigação artística para o desenvolvimento de
trabalhos sólidos e singulares, que estejam em consonância com as convicções
dos seus atores-criadores.
Acredita, ainda e essencialmente,
na relevância do encontro – tanto com outras companhias de arte quanto com o
público – para a continuidade e evolução das suas ações e para o crescimento da
companhia no cenário teatral.
Centro de convivência
artístico-cultural com 12 mil m2 e 103 anos de existência
Fundado em 17 de junho de 1910
(há 103 anos), o Theatro José de Alencar (TJA) é um centro de convivência
artístico-cultural de mais de 12 mil metros quadrados. Integra, além do
teatro-monumento, um jardim e o Cena (anexo à edificação histórica). É aberto de
terça-feira a domingo.
Exuberante exemplar da
arquitetura de ferro no Brasil, o TJA se localiza no Centro de Fortaleza,
integrando vários espaços.
A edificação de 1910, o chamado
teatro-monumento, é dividida em dois blocos. A sala de espetáculo propriamente
dita está no segundo bloco. É a fachada mais conhecida, em arquitetura de
ferro. Uma sala transparente, atravessada pela luz da cidade.